O boobuzz está cada vez mais recheado de novidades para vocês e uma delas é novo um quadro que estamos trazendo e que temos certeza que vai ser o máximo, todo dedicado ao Universo Cosplay no Brasil.
Na cultura cosplay mundial como um todo, você tem a missão de dar vida a seus personagens prediletos, se vestindo como eles e/ou interpretando-os em eventos pelo mundo inteiro profissionalmente, dedicando-se de verdade a esse "lifestyle" cosplayer. Ao contrário do que muita gente pensa, originalmente isso tudo surgiu nos Estados Unidos em meados de 1930 e é levado a sério em vários lugares (sim.. não é exagero. É levado MUITO a sério galera).
Temos como referência eterna e exemplo maior para falar disso, aquele país nipônico tão querido, o Japão. Quando falamos deles, automaticamente já vem toda aquela fama e não por menos, atualmente palavra "cosplay" é sempre relacionada e associada a eles, pelo fato de conseguirem profissionalizar e se dedicar tão fortemente a esse mundo.
Mas, além do Japão e Estados Unidos, existem outros lugares que também fazem um trabalho incrível nisso, e o Brasil hoje em dia não deve a nenhum país, contendo também vários campeonatos dedicados e participantes bem profissionais, quebrando tudo quando se trata de fazer um cosplay.
Nesse quadro, vamos trazer mensalmente aqui em nosso site, uma entrevista com um cosplayer para que vocês conheçam melhor o trabalho deles aqui em nosso país e, além do trabalho como cosplayer, vamos levar até você também um pouco da vida pessoal de cada um deles, trazendo também a pessoa, o lado mais humanizado desse que ganha sua vida se dedicando a "dar a vida" a um personagem ou a vários, que gosta. Afinal de contas, temos muito a oferecer no meio cosplay e queremos muito valorizar o Brasil nesse sentido, trazendo ótimos cosplayers para vocês em ótimas entrevistas no boobuzz.
Portanto, estreando em grande estilo o UCBR, trouxemos uma super entrevista com a famosa Cosplayer/Cosmake Vanessa (40). Ela trabalha como Body Piercer, mas com seu hobby predileto costuma ser bem famosa também, fazendo já diversos personagens de séries/filmes e até mesmo de games. Ela aceitou bater um papo super legal conosco falando sobre todo esse seu trabalho no mundo cosplay e toda a entrevista você confere abaixo:
boobuzz - O que te motivou a entrar para o mundo cosplay? Porque? Explique o significado disso para você.
Vanessa: Na verdade, quem ia aos eventos e gostava muito de animes e HQs era a minha filha. Um dia ela quis ir de cosplay, e ai acabei improvisando e fazendo um para ela. Em um outro evento ela disse: “Mãe, você poderia fazer um cosplay também, né?!” E eu, que eu não era muito ligada em animes, HQs, etc, o meu lance sempre foi mais jogos, séries/filmes, acabei decidindo fazer o meu primeiro que foi a Lara Croft (Tomb Raider). E foi assim que eu me perdi nesse mundo divertido de fazer cosplay, e não consegui parar mais.
O significado disso para mim é que, primeiro de tudo eu acho um hobby muito interessante, muito saudável, um modo muito bacana de se divertir. É legal você incorporar um personagem que você gosta. Curto demais criar os meus cosplays. Nada contra as pessoas que compram as suas roupas para os personagens, mas eu gosto de fazer. Para mim desde o processo da confecção até eu usar as roupas, é muito gratificante, é muito legal ver o trabalho pronto, o pessoal gostando tirando foto e reconhecendo o personagem. Também sou assim, quando vejo um personagem fico muito empolgada, quero tirar fotos com o personagem. Com tudo isso, saímos um pouco da rotina de trabalho, etc.. Nos divertimos muitos, e levamos a diversão para outras pessoas.
OBS: Como fazer um cosplay bom e econômico? Nas palavras da Vanessa: “Procuro muito usar materiais recicláveis na medida do possível para gastar pouco dinheiro, pois é um hobby onde se gasta muito. Fazendo tudo isso gastando pouco dinheiro, torna-se mais divertido ainda.”
boobuzz - Quantos personagens cosplay você já fez ou faz atualmente? Quais? O que esses mesmos significam para você?
Vanessa: Além da Lara Croft, que eu fiz por ser um game que gosto muito, também fiz a Milena (Mortal Kombat X), Geralt of Rivia (The witcher 3, versão feminina), a Alerquina, e a Ravena (Injustice), Alice (Madness Returns), Psylocke (X Men, versão do filme) e também a Hela (Thor Ragnarok), pois quando olhei para ela senti uma vontade enorme de fazer, mesmo sabendo que seria um grande desafio para mim. Também fiz a (Ivy Frye (Assassins Creed Syndicate), Sith (Star Wars), Caminhante Branco (Game Of Thrones) e inclusive com ele, fiz vários trabalhos.
Além desses cosplays que citei, atualmente estou com alguns projetos em andamento. Escolho os personagens na medida em que olho e gosto do dele(a). Se me identifico com o personagem, normalmente já sinto vontade de fazer o cosplay.
Acredito que os personagens que mais significam para mim são a Ravena, e a Ivy Frye, acho que esses dois em específico tiveram uma aceitação muito grande das pessoas, e eu me dediquei bastante para fazer. A Ivy, foi uma personagem que realizou particularmente um sonho meu de criança. Sempre quis usar roupas de época, e com essa personagem, consegui realizar esse meu sonho.
boobuzz - Qual seu personagem predileto e porquê? O que te deu a ideia de fazer esse personagem e o quão foi difícil no começo? Tem orgulho de fazer esse personagem?
Vanessa: De todos os cosplays que já fiz, o meu favorito é a Ivy Frye, pois como eu já havia falado, ela é uma personagem que usa uma roupa de época e eu desde criança sempre tive vontade de usar roupas assim.
Eu não podia usar roupas assim mesmo depois de adulta e sair na rua. As pessoas acham meio estranho, então eu me realizei com essa personagem. Eu também sempre achei essa personagem muito chique, e tem uma roupa que é confortável de usar. Teve bastante aceitação, todo mundo achou bonito. Eu principalmente!
Mas eu nunca faço personagem só para as pessoas gostarem. Faço se eu estiver contente também, é o meu preferido. Se tem uma personagem que eu não venderia, emprestaria, ou alugaria é a Ivy Frye (Assassins Creed Syndicate).
Preparação da personagem: A roupa em si não foi difícil apesar de ter bastante detalhes. Eu estava tão empolgada que a fiz em três dias, porém, as armas, foram mais difíceis de fazer. Elas são meus xodós, foram as mais bem feitas que já fiz para qualquer cosplay.
boobuzz - O que esse personagem que mais gostou de fazer, acabou de alguma forma beneficiando em sua vida como um todo? Existiu algum malefício ou algo negativo com essa experiência?
Vanessa: Na verdade, esse personagem beneficiou muito sim na minha vida. Curti muitos eventos com ele, aliás tinha dias que eu sequer tinha vontade de tirar a roupa da personagem.
Fui chamada para fazer trabalhos com ela e não teve jamais, nenhum malefício e eu adoro as pessoas gostarem de tirar fotos com qualquer personagem que eu faça, eu acho muito gratificante, apenas tive uma pequena frustração com ela com relação a algumas pessoas não reconhecerem a personagem em si.
Sabiam que eram de Assassins Creed, mas não sabiam qual era a personagem pois eu havia escolhido uma skin menos conhecida. No caso, uma roupa que ela menos usava no jogo, mas mesmo assim todo mundo gostou, todo mundo vinha tirar foto e mesmo sem saber as vezes qual personagem era. Eu eu amo quando as pessoas pedem para tirar fotos comigo e dos meus personagens, pois eu nunca faço nenhum personagem que não gosto. E eu acho isso muito legal.
E um beneficio muito legal que tive com a personagem, foi em um evento que teve em um pavilhão de exposições no centro da juventude, tinha um filho de um amigo meu que é autista e por conta disso, ele não interage tanto com muitas pessoas.
Para mim o autismo não é uma deficiência, para mim é como uma pessoa verdadeira, ela é do jeito que ela é, não finge gostar de alguém e não faz nada por ter que ser educado, e sim, faz por ela ser ela mesma.
Esse rapazinho, que é filho de um amigo meu chegou e disse: “Pai, olha!! É a Ivy de Assassins Creed!!”, e eu fiquei muito feliz, meu amigo disse: “Eu conheço ela, é minha amiga.” e o menino veio, conversou comigo, explicou para o pai dele sobre a personagem. Meu amigo naquele momento comentou: “Nossa Vanessa, é difícil ele conversar com alguém, e ele se abriu muito com você. Porque você está usando um cosplay de uma personagem que ele gosta muito.”, e eu achei isso muito legal, é uma coisa gratificante para gente poder de uma certa forma ajudar as pessoas também.
boobuzz - Você sofre preconceito fazendo cosplay? Se sim, como lida com isso? Tem algum conselho para algum cosplay que sofre com isso?
Vanessa: Muito interessante a sua pergunta! Sim, nós que fazemos cosplay sofremos sim preconceito. Na verdade, eu acho que sim, é preconceito. Aconteceu um episódio muito chato com minha filha, não foi nem comigo foi com minha filha que estava de Syndra do LoL (League Of Legends), nós estávamos passando na rua indo para o evento, era perto de casa e um rapaz passou e chamou ela de uma coisa muito feia, porque achou que ela estava se mostrando.
Já no meu caso, sofri preconceito sim das pessoas olharem e me falarem: “Nossa”, como se fosse algo estranho. Como se quisessem nos dizer: “Nossa, sua filha faz cosplay”, nos passando a impressão de que não batemos bem da cabeça. As pessoas acham que quem faz cosplay, são pessoas "alienadas". Como se vivêssemos só naquele mundinho, que a gente não tem emprego, que a gente não vive, que a gente não passeia, que a gente não sai, não tem família, não cuida de casa, não cuida de nossos filhos. No caso, por um exemplo, de um jovem que faz cosplay, as pessoas acham que não estuda, não trabalha.. Tem muito disso, tem muito mesmo, sobre as pessoas acharem esse tipo de coisa.
Eu já quase até perdi o emprego, porque sou cosplayer. Realmente tem sim, surge preconceito sim e não é pouco. São bastante as pessoas rindo da sua cara, pessoas que não entendem o que é aquilo e o porquê daquilo.
Eu acho muito mais saudável a gente se vestir de um personagem que a gente gosta muito, ir em um evento, tomar o nosso Mupy (suco), participar e assistir um desfile cosplay, do que ir por um exemplo, em um boteco, encher a cara e sair brigando por aí.
Eu penso dessa forma, eu acho que cada um se diverte do jeito que gosta de se divertir, mas realmente sim, existe preconceito. Eu lido com isso da melhor forma possível, procuro sempre em algumas situações ignorar, e em outras situações até mesmo explicar. Mas, na maioria das vezes ignoro porque maioria das pessoas realmente não entendem.
Meu conselho para quem sofre preconceito com isso é não desistir disso se gosta de fazer, continue fazendo. Se formos nos importar com o que as pessoas pensam ou falam, nunca faríamos nada. Se a gente não tiver prejudicando ninguém, o mais importante é fazermos o que mais gostamos na vida, isso é a melhor coisa do mundo. Sempre tive vontade de dar esse conselho para as pessoas. Conheço muita gente que desistiu ou quer desistir justamente por conta do preconceito, mas não acho certo. Acho que quem quer alguma coisa, realmente faz e deve fazer!
boobuzz - Você teve apoio de familiares ou de amigos, ou alguma desaprovação quando entrou para esse mundo?
Vanessa: Tive apoio sim, muito apoio da minha filha, e do meu marido. Principalmente dos dois. Sempre tive apoio dos dois e no caso de desaprovação, por parte da minha família ao menos, ninguém se mete nesses assuntos porque eu já sou uma pessoa independente e não dependo da minha família para nada.
Não vejo alguma desaprovação nesse caso por esse motivo. Meu tio mesmo, ele gostou muito e falou até que eu deveria ingressar nesse ramo, ganhando dinheiro com isso. Mas já tenho minha profissão, quis fazer cosplay principalmente como um hobby, para que não se tornasse uma obrigação, porque pra mim ai já não é mais legal, mas sobre isso nunca tive problema com desaprovações, tive apoio sim da minha família, muito apoio.
boobuzz - Pretende permanecer nesse mundo cosplay? Tem mais personagens que pretende fazer?
Vanessa: Mais uma ótima pergunta! Eu recentemente estava pensando em desistir. Mas por nenhum motivo em especial, apenas não estava mais com tanta vontade e com tempo de fazer. As vezes faço meus cosplays e não tenho tempo de ir nos eventos. Muitas vezes, por conta do trabalho, acabo naturalmente perdendo vários eventos.
Outro motivo é que minha filha se casou agora, então eu fiquei pensando nisso (em parar). Minha filha continua indo aos eventos comigo, mas não pretendo continuar sozinha pelo menos, fazendo cosplays para mim. Ela me incentivou bastante a continuar e ainda vamos aos eventos. Só que na realidade eu não sei até quando, não sei se eu pretendo parar tão cedo.
Muitas vezes me vem na cabeça e eu penso: “Olha, me identifico com o personagem!” aí vou e faço, não fico planejando tanto o próximo, poucas vezes faço isso.
Ultimamente estou assim, se eu gostar eu vou lá e faço. Sobre isso, Pode ser que eu não consiga te responder com exatidão, não pretendo parar assim “Tão já!”, mas de todo o modo, se pretendo ou não parar, quem sabe...
boobuzz - Vanessa, agora para finalizar, tem alguma coisa que gostaria que o site fizesse? Alguma sugestão?? Alguma frase de efeito, ou alguma dica, depoimento que talvez queira passar através do nosso site?
Vanessa: Tenho sim. Acho que infelizmente rola muita briga nesse meio, tanto diretamente quanto indiretamente. Queria mandar um recado para a galera que faz cosplay, se unirem mais ao invés de criticar as coisas e principalmente as pessoas. Se unir, ajudar umas as outras a fazerem cosplayers melhores, um evento cada vez melhor, o mundo cosplay precisa disso e acho muito interessante compartilharmos sempre essa ideia.
UCBR (Universo Cosplay no Brasil): Conheça a versátil e poderosa Vanessa!
Reviewed by Natália Sayumi
on
outubro 10, 2018
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